Tecnologia

Sistema de detecção de incêndio comandam bicos de sprinklers

Nova tecnologia integra sistemas endereçáveis de detecção de incêndio, os quais gerenciam o acionamento de sistemas de sprinklers (clique e veja o relatório de testes)

Sistemas de chuveiros automáticos eletrônicos são a mais nova tecnologia reconhecida pela NFPA 25 (versão 2020) e, como resultado, muitos novos requisitos e estudos têm sido conduzidos por laboratórios, tais como: UL – Underwriter Laboratories.

Essa tecnologia está sendo desenvolvida e testada como a mais nova opção para proteger altos riscos patrimoniais contra incêndio, como os riscos apresentados por espumas para estofamentos, colchões, plásticos expandidos para armazenar alimentos, denominados pela NFPA-13 como riscos Grupo A, sendo que muitos desses riscos estão em armazéns, ou seja, uma das maiores preocupações patrimoniais.

Diferente do tradicional e mais que secular resposta térmica de fixa temperatura (denominado de bulbo), os sprinklers eletrônicos são ativados por um sinal elétrico que aciona um atuador, tudo oriundo do acionamento de um detector de incêndio. Esse atuador libera o mecanismo que retêm a água, permitindo a liberação da descarga de água sobre o princípio de incêndio.

Cada bico de sprinkler é equipado com seu próprio detector de incêndio como dispositivo eletrônico de acionamento. Quando o incêndio é detectado por esse detector de incêndio endereçável, este envia um sinal para o painel de comando endereçável, equipado com um algorítmo que gerencia a localização e seleção dos detectores e bicos de sprinkler. Baseado nesse algorítmo, o painel seleciona o número de bicos de chuveiros automáticos e quais desses bicos deverão ser ativados pelo dispositivo de acionamento.

Utilizando-se o detector de incêndio como o dispositivo de acionamento do sistema de sprinklers, a água pode ser descarregada no princípio de incêndio muito antes, se compararmos com o atual sistema de sprinklers, o qual é equipados, somente, com a resposta térmica de fixa temperatura. Desta forma, haverá melhora no tempo-resposta, bem como otimização, de maneira considerável, na performance do sistema de sprinklers. Outrossim, reduz-se o número de bicos de sprinklers acionados e, portanto, aumenta-se a eficiência do combate automatizado com água. Utilizo o termo “combate automatizado com água” por conta de que existem diversas outras soluções eficientes, tais como: water-mist de alta, média e baixa pressões.

Trata-se de uma inovação e por enquanto, possui específicas aplicações, uma vez que serão necessárias adequações em outras normas da NFPA, para se definir claramente como e quando utilizar tal solução em conjunto.

A NFPA 72 deverá ser, antecipadamente, avaliada para se verificar se todos os seus requisitos estão sendo cumpridos e se não existe algum conflito de utilização nesse “casamento”, uma vez que sistemas de detecção possuem forte apelo na “proteção à vida” (mas não somente protegem a vida uma vez que gerenciam todos os sistemas de proteção passiva e ativa nas edificações) e sistemas de sprinklers, forte apelo na “proteção ao patrimônio”.

Certamente que, como cada bico de chuveiro automático possui seu próprio detector de incêndio, o número de detectores será muito maior, aumentando-se o custo das instalações, mas testes laboratoriais têm demonstrado que a eficiência dessa conjugação de sistemas compensa, uma vez que o combate ao princípio de incêndio, nesses armazéns e depósitos, dar-se-á com número menor de bicos de chuveiros automáticos (de 12 usualmente, poderá ser diminuído para 9 ou menos bicos de sprinklers). Além disso existe a melhora na confiabilidade contra falsos acionamentos mas o ponto alto é, certamente, o menor tempo-resposta.

Pode ser que no futuro até a reserva de incêndio possuirá volume menor de água, além da possível utilização dessa solução para sistemas com “water-mist de baixa pressão” (sistema que utiliza, ainda, menos água, menos pressão, menores bombas de incêndio e menores diâmetros das tubulações de alimentação), resultando em menores custos se comparados com o sistema de sprinklers.

Certamente, trata-se de mais um avanço no caminho da Engenharia de Incêndio 4.0, além de um “tapa na cara” de profissionais que se arvoraram recentemente em afirmar: “- que sistemas de detecção de incêndio não servem para nada!

Esta evolução tecnológica desmascara o aviltamento técnico desse tipo de profissional, o qual apresentou tal afirmação em uma instituição de ensino no sul do Brasil, recentemente. A resposta veio de qualquer um, veio de um dos maiores laboratórios do mundo, ou seja, da UL – Underwriter Laboratories. Profissionais desse naipe, ou seja, que pouco se importam em estudar a segurança contra incêndio de maneira global, bem como não se preocupam em apresentar as melhores soluções de proteção contra incêndio para os riscos encontrados em seus clientes, são somente mais um dos problemas que encontramos em nosso país. Eles usam o desconhecimento dos clientes para venderem seus produtos e não as soluções de proteção adequados para cada risco.

Gostaria de ver a cara desse profissional perante os mesmos alunos dessa mesma instituição de ensino em outra palestra.

-Vergonha alheia não?

-Como representar qualquer associação ou entidade depois de tamanha infâmia!

A Carlos Cotta Engenharia, mantendo sua política ética nunca oferta produtos ou serviços que não estão alinhados à necessidade dos clientes. As soluções de segurança contra incêndios são amplas e o mercado nacional precisa de profissionais que seguem regras de “compliance” e retidão ética perante seus clientes.

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2 comments

  1. José Roberto Domingues 29 julho, 2019 at 09:39 Responder

    Gostaria de parabenizar o Eng. Carlos Cotta pelo artigo.

    Toda nova tecnologia é bem vinda para combate a incêndios, não importa a classificação de risco do a ser protegido.

    Estou no ramo de combate a incêndio desde o final dos anos 80 e atualmente atuo como engenheiro de projetos e implantações de sistemas de proteção contra incêndio em todo o território nacional pela empresa ECOSAFETY.

    As tecnologias aprovados e testadas em laboratórios internacionais são inseridas em normas técnicas internacionais, conferindo a estas novas tecnologias, padrões específicos de utilização, tornando-as confiáveis e eficientes.

    Então, para a aplicação de novas tecnologias é necessário, antes de tudo, que estas estejam regulamentadas, aceitas por entidades seguradoras e entidades regulamentadoras regionais e, outro ponto importantíssimo, é custo de implantação, onde deve-se observar todos os aspectos financeiros desta implantação.

    O cliente final deve ser o maior beneficiário de nosso serviço, no tange a acessória técnica e custo/benefício de implantação.

    José Roberto Domingues.

    • Carlos Cotta 22 agosto, 2019 at 13:06 Responder

      Grato pelos comentários caro José Roberto. Concordo com seus apontamentos e entendo que a integração de sistemas deve continuar a ser a nova temática do século 21. A “Internet das Coisas” e a “Indústria 4.0” estão aí para serem usadas e abusadas. Cabe aos especialistas, aproveitarem ao máximo as novas técnicas e tecnologias em prol da segurança contra incêndio, bem como transmitir e cobrar a aplicação dessas tecnologias, testadas e comprovadas, às Corporações dos Corpos de Bombeiros de todo Brasil. Não podemos esquecer da proteção do patrimônio histórico também, cujos custos de perdas são inestimáveis! Forte abraço!

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