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Flamengo e seu “ninho da morte”

Se já não bastasse a lama de Brumadinho e a fumaça tóxica que matou 10 crianças, agora, representantes incompetentes do Clube de Futebol do Flamengo, querem jogar fumaça, também, na cara da ENGENHARIA. Em entrevista, 09 de fevereiro de 2019, por volta das 17h20, na grande mídia televisiva, representantes deste clube somente faltaram declarar que a culpa das mortes no incêndio foi das próprias vítimas.

Como sou especialista na área de segurança contra incêndio, somente posso definir como patética a tentativa de um gestor, o qual não se identificou como Engenheiro especialista em segurança contra incêndio, de esclarecer o que ocorreu naquele evento catastrófico.
Tentou de qualquer maneira jogar a responsabilidade para CBF, FIFA e outras Entidades afins, as quais, segundo afirmou: “elogiaram ou aceitaram as instalações físicas hoje no chão, retorcidas e calcinadas”.
Este representante do Clube do Flamengo, de maneira vil, tentou jogar com as palavras e ainda abordou o que não conhece. Acredito, com todo o respeito, que este senhor deve ter cheirado um pouco da fumaça tóxica e teve seu cérebro afetado pela ação química desses ácidos ou por conta do monóxido de carbono.
É a única explicação que posso inferir !
Gostaria que me respondesse: caro representante, qual a sua qualificação e especialização para abordar e apontar fatos que nem a perícia ainda determinou ou estabeleceu como hipótese, as quais, certamente, deverão ser comprovadas?
Qual o seu conhecimento relacionado com a evolução de um incêndio?
Ou melhor, qual o seu conhecimento com relação à curva ISO 834 e demais outras características de velocidade de crescimento de incêndio?
Qual era a quantidade de material carga de incêndio depositada no local?

Qual foi a velocidade de crescimento do incêndio? Baixa, Média ou Alta ?
Quais eram os materiais de acabamento e revestimento utilizados e quais possuíam certificação ?

Onde começou o incêndio ?

As instalações elétricas estavam adequadas ?
Somente como um alerta para que não mais progrida nestas suas entrevistas descuidadas, despreparadas e desrespeitosas para com especialistas em incêndio, bem como desrespeitosas com a ENGENHARIA, solicito que: “reoriente suas ações de gestão, colocando à frente da mídia um profissional engenheiro especialista, responsável por todas as obras daquele puxadinho sem aprovação pelo Órgão que possui o poder legal para aceitar ou negar a aprovação daquela edificação ou área de risco”.
Se nem a Constituição da República Federativa do Brasil os senhores gestores deste Clube do Flamengo conhecem, como se arvoram afrontando questões jurídicas e técnicas? Principalmente questões de Engenharia de proteção Contra Incêndio!
Nossa Carta Magna, no artigo 144, estabelece o seguinte: “A segurança pública , dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercido para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:”
A seguir, o Inciso V, estabelece o que segue:
“V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.”

Até o presente momento não localizei qualquer legislação do Estado do Rio de Janeiro ou de qualquer outro Estado da Federação que tivesse repassado tal responsabilidade de avaliação da segurança contra incêndio para alguma outra entidade, como por exemplo para a CBF, como tentou fazer entender o gestor do Clube.

Acredito que a mídia deveria perguntar para a CBF quando esta entidade iniciou com as atribuições de fiscalização e liberação de edificações e áreas de risco com base na avaliação da segurança contra incêndio e/ou análise de riscos. Gostaria de saber, também, qual a legislação que a CBF está adotando nestes casos com clubes de futebol. Como sou especialista preciso sempre me atualizar, não é mesmo? Foi alguma norma da NFPA (National Fire Protection Association) ou da Comunidade Européia ?

Nobre leitor, o festival de abobrinhas que o representante do Clube Flamengo apresentou em sua entrevista (09 de fevereiro de 2019) por volta das 17h20, não se trata de outra coisa a não ser lançar fumaça nos olhos da ENGENHARIA, da mesma forma que o presidente da Empresa Vale tentou anteriormente.

Quando representantes terão postura séria, ética e responsável neste Brasil?

Talvez para pessoas humildes e não conhecedoras de Leis, os argumentos, falaciosos e vazios, do representante do Clube Flamengo sejam aceitos.
Para especialistas como eu, estes argumentos e as 40 (quarenta) multas que sofreram, são somente a comprovação da empáfia desta empresa e seu desrespeito para o cumprimento da Lei.

Causa espécie, também, a declaração da Prefeitura da região afirmar que não possuía “poder de polícia” para interditar o Clube Flamengo. Se a Prefeitura da região desejar posso preparar uma aula técnico-jurídica a respeito de sua responsabilidade e de sua autoridade suprema a respeito do tema.

No Direito Administrativo este tipo de acovardamento do órgão Público é denominado de “IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA”, portanto, um crime!
Vamos lembrar, novamente, a Carta Magna no item afeto ao município, em seu Artigo 30, inciso VIII: “Compete ao Municípios: promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;”

Desta forma, como especialista na área de segurança contra incêndio e segurança pública, oriento que a população deve ficar muito atenta a todas as declarações vinculadas na mídia, buscando entender melhor o tema e buscando conhecimento nos lugares corretos e com profissionais sérios e respeitados.

A ENGENHARIA está farta deste tipo de ação de DESINFORMAÇÃO e não precisa de interlocutores outros que não os próprios ENGENHEIROS.

A citada entrevista foi removida dos canais originais. Este artigo é uma releitura de texto escrito em meu Facebook https://www.facebook.com/CarlosCottaEngenharia/

Caro leitor, estamos anexando artigo da Revista ABRAVA a respeito do trágico evento.INCÊNDIO_FLAMENGO_REVISTA_ABRAVA

Boa leitura e agradecemos seu interesse!

Cotta
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